quinta-feira, 2 de abril de 2009

A última carta


Preciso dizer algo muito importante antes de contar o que aconteceu hoje (que por sinal não foi nada bom): amanhã é o aniversário do meu pai, ele iria fazer 58 anos, então acredito que será um dia muito especial... Vamos ao que aconteceu hoje:

Acordei de manhã, com o ótimo sentimento de poder ver minha mãe e abraçá-la, como raramente fazia quando eu tinha a chance. José já estava acordado, tomei o café da manhã, café com leite e pão, e perguntei a ele onde minha mãe supostamente estava. Ele respondeu:
- Ocê não deve sabê, mas a Laura tem um irmão qui mora aqui perto do sertão, em um lugá lindo com cachuera i tudo.
Eu tinha um tio e nunca soube. Perguntei o motivo de minha mãe esconder isso de mim, José respondeu com o típico sotaque nordestino:
- Acho que é purque o teu pai e ele não eram muito amigos, eles si desintendiam muito.
Preferi não comentar mais sobre o assunto, fomos até meu carro e seguimos para a casa do meu TIO, que até hoje era apenas um desconhecido... até hoje...

O caminho inteiro era uma estrada de terra, então chegamos a um lugar onde não era possível entrar com o carro, então seguimos a pé. Já era possível ver a cachoeira, foi a primeira vez que vi uma água limpa como aquela, ainda haviam muitas árvores e montanhas naquele local, não tinha nenhuma alteração do homem na natureza, pode-se dizer que era uma das coisas mais incríveis do mundo. Mais adiante, no meio de toda essa beleza, havia uma casa bem simples, de 1 andar apenas, ao lado da casa um rio limpo, era possível ver os peixes nadando. Não havia porta, afinal, não tinha nenhum risco da casa ser assaltada, as janelas estavam abertas e até aquele momento não dava para avistar ninguém, nem minha mãe, nem meu tio, eles deviam estar dentro da casa.
José pediu para que eu fizesse silêncio, e entramos na casa.
Um cheiro estranho estava tomando conta do local, um cheiro capaz de acabar com o suave odor do ar puro da natureza, era cheiro de sangue. Imediatamente entrei em pânico, fui até o quarto no final do corredor da pequena casa, que não parecia tão pequena vista de dentro: o corredor nunca acabava, parecia mais um grande pesadelo, do qual era impossível acordar. No final do corredor, finalmente havia o quarto, e no quarto uma cena horrível: meu tio "desconhecido" estava em cima da cama, morto, e minha mãe não estava lá. Aquela cena me deixou sem reação, por um momento fiquei parado, mas depois me ajoelhei e comecei a chorar, José tentou me consolar (sem sucesso), e me entregou uma carta que estava ao lado do corpo de meu tio, a última carta da minha mãe.

Amanhã termino de contar, agora não tenho muito tempo para postar...

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